Aumentam os golpes via WhatsApp; especialista orienta como não ser mais uma vítima

Aumentam os golpes via WhatsApp; especialista orienta como não ser mais uma vítima

“Olá, eu sou o gerente geral do projeto Mercado Livre e atualmente estou contratando uma equipe de meio período trabalhando em casa. Quer saber mais sobre este trabalho? Clique no botão abaixo.”

“Oi, como vai? Quer uma estadia neste exclusivo hotel? Sorteio com tudo incluso. Para participar, informe os dados abaixo.”

Os trechos acima são alguns exemplos de mensagens recebidas por WhatsApp e redes sociais com ofertas variadas – trabalho, estadias em resorts, jantares em restaurantes badalados, entre outras. Mas, por trás da chance de conseguir renda extra, trabalho ou concorrer a um sorteio, escondem-se criminosos em busca dos dados de quem se deixa “seduzir” pelas propostas, que são a entrada para diversos tipos de golpes.

A pesquisa Radar Febraban, realizada com 3 mil pessoas de todo o País entre os dias 21 de maio e 2 de junho, mostra que as citações ao golpe do WhatsApp vêm crescendo gradualmente. Eram 21% em setembro de 2021, 24% em dezembro e agora, 25%. O golpe do leilão ou da loja virtual também cresceu – de 5% em dezembro do ano passado para 7% no levantamento.

“O aumento dos golpes está ligado aos casos de oportunidade e certamente crescem quando podem se aproveitar da divulgação de novos serviços ou produtos expostos na mídia. É o caso dos golpes do FGTS e auxílio emergencial, que foram muitos explorados por conta da pandemia e liberação de recursos pelo governo”, alerta Paulo Reus, gerente de Operações do Scunna Cyber Defence Center. Da mesma forma, aumentaram os relatos de propostas falsas de emprego ligadas a grandes empresas.

O especialista lembra que o WhatsApp é uma ferramenta de comunicação bastante difundida e fácil de utilizar, atendendo a um público diverso, com uma versão comercial que pode ser usada pelas empresas para facilitar a comunicação com os clientes. “É essa diversidade de público e o fato de ser usado pelas pessoas para tratar dos mais diversos assuntos, tanto pessoais quanto profissionais, que o torna nos dias de hoje um meio bastante utilizado por criminosos para aplicar golpes e roubar informações”, adverte.

Reus diz que algumas ações podem ser tomadas para se proteger contra golpes aplicados através do aplicativo, mas a principal é a conscientização dos usuários. Por conta da própria natureza do Whats, que é a de viabilizar a comunicação entre as pessoas, a técnica mais explorada pelos golpistas é a chamada engenharia social, onde o criminoso induz a vítima a conceder acessos ou informações confidenciais.

“Geralmente o criminoso se passa por outra pessoa, oferecendo alguma vantagem ou precisando de algum tipo de ajuda. Sabendo disso, desconfie sempre de qualquer conversa que não tenha sido iniciada por você, com qualquer contato, seja ele novo ou antigo no seu Whats, onde o interlocutor pede algum tipo de informação.”

No caso dos golpes via redes sociais, ao se candidatar para concorrer em uma falsa promoção, a vítima tem o dispositivo infectado por um malware ou os dados de cadastro roubados, possibilitando assim que o golpista acesse a conta. “Existem muitas técnicas que podem ser usadas para isso e informações aparentemente irrelevantes como o nome do seu cão ou o time para o qual você torce podem ser usados para essa finalidade. Sempre que possível habilitar um fator de autenticação em duas etapas onde além da senha outro dado precise ser confirmado em tempo real, como a sua digital ou um código de verificação a ser recebido por SMS ou email”, aconselha o gerente de Operações do Scunna Cyber Defence Center.

Mercado Livre não oferece vagas de trabalho via WhatsApp

Procurado pela reportagem do Jornal do Comércio, o Mercado Livre informou que não divulga oportunidades de trabalho por SMS, WhatsApp ou quaisquer outros serviços de mensagens instantâneas. “Os canais oficiais da empresa para divulgação de vagas são o LinkedIn do Mercado Livre, a página de carreiras e o site Vagas”, reforça a empresa.

A gigante do e-commerce tem comunicado aos usuários seus canais oficiais, assim como alertado sobre eventuais golpes relacionados a vagas na empresa. Quando identificados, os números suspeitos são denunciados pela companhia às operadoras telefônicas e às empresas que controlam grupos e redes colaborativas, pedindo ainda a instauração de inquérito policial para que as autoridades possam iniciar as investigações.

“Caso uma pessoa receba alguma comunicação fora dos canais oficiais, a empresa recomenda que ignore, ficando sempre atenta ao remetente das mensagens e e-mails, evitando ainda clicar em links suspeitos. Em caso de dúvidas, é sempre recomendável checar as vagas disponíveis nos canais informados ou entrar em contato com a companhia por meio dos canais de atendimento oficiais, que permanecem à disposição de todos”, diz a nota do Mercado Livre.

Fique alerta para os golpes mais aplicados atualmente:

• Oferta de emprego de meio período, onde uma posição para trabalho remoto e em tempo parcial é ofertada com possibilidade altos ganhos geralmente em empresas conhecidas de e-commerce;

• Golpe do PIX, onde o golpista se passa por um familiar pedindo dinheiro, geralmente por conta de uma emergência;

• Golpe do FGTS, onde uma mensagem é enviada para a vítima avisando sobre um saldo disponível para saque e pedido o cadastro de dados pessoais;

• Golpe do auxílio emergencial, que segue a mesma lógica do golpe do FGTS;

• Golpes relacionados a promoções ou sorteios de brindes, onde a vítima recebe um link para cadastrar informações e acaba por fornecer dados pessoais ou ter o seu dispositivo infectado por malwares.

Como se prevenir de golpes via WhatsApp:

• Utilize um bom antivírus no celular. Opte por soluções que incluam proteção contra páginas de internet falsas, vazamento de dados e clonagem do dispositivo.

• Use sempre o aplicativo oficial do WhatsApp. Não instale outros aplicativos que prometem melhorias ou funcionalidades que não são nativas.

• Para evitar que o seu Whats seja clonado, habilite a confirmação em duas etapas.

• Não responda ou clique em links de mensagens enviadas por contatos não cadastrados no seu telefone, principalmente se assunto não estiver relacionado a algo que você não estava tratando anteriormente por outro meio.

• Desconfie de ofertas de qualquer tipo enviadas por contatos não cadastrados. Use outro canal para validar as informações, como o site da empresa, ou telefone de contato.

vNunca, em hipótese alguma, informe seus dados pessoais como seu CPF, e-mail ou endereço em conversas que você não iniciou, principalmente em grupos do WhatsApp.

• Da mesma forma, e independentemente do contexto da mensagem ou se você conhece ou não o contato, jamais informe senhas ou códigos de segurança de qualquer tipo. Observar

essa dica, evita que você tenha, por exemplo, o seu whatsapp clonado.

• Se um contato seu, principalmente no caso de pessoas próximas como parentes e amigos, iniciam uma conversa que leva a algum tipo de pedido, como pagar um conta, transferir alguma

quantia em dinheiro ou ainda a fornecer informações pessoais, procure sempre confirmar que está falando com o contato de fato. Você pode, por exemplo, fazer uma chamada de

vídeo pelo próprio aplicativo para garantir que a pessoa do outro lado é quem diz ser. Isso também vale para aquela mensagem de um número desconhecido que se apresenta como

um de seus contatos informando que mudou o número do telefone, pedindo para você salvar o novo contato.

Matéria do Jornal do Comércio de 30/09/2022

Autoria: Luciane Medeiros