“O defensor precisa proteger todos os pontos e estar certo sempre. O atacante precisa encontrar apenas uma falha e estar certo uma única vez.” É a sua realidade, 24 horas por dia, sete dias por semana.
O ataque ao Pix no Brasil, a paralisação da Jaguar Land Rover por semanas, os aeroportos europeus em colapso com o sistema comprometido, não são incidentes isolados de TI. São manchetes que gritam: a guerra mudou. As linhas que separavam cibersegurança, fraude e risco de negócio se apagaram. E é você, CISO, quem agora está no centro desse furacão.
O Campo de Batalha se Expandiu. O Inimigo Evoluiu.
A superfície de ataque não está apenas exposta; ela explodiu. E os adversários? Eles estão armados com inteligência artificial, capazes de orquestrar ataques em uma escala e velocidade sem precedentes. Não dá para combater isso com ferramentas fragmentadas e uma visão de mundo em silos.
A sensação de que o “mundo está se tornando uma grande bomba relógio” não é exagero. Ela reflete a urgência que reside na sua mesa:
Ameaças Transversais: Um ataque de ransomware que derruba seus sistemas (cyber) pode ser o prelúdio de uma fraude massiva de pagamentos (fraude) e resultar em perdas financeiras gigantescas e danos irreparáveis à reputação (risco de negócio).
Visibilidade Fragmentada: Você ainda lida com SIEMs que geram alertas sem contexto, com times de segurança isolados dos times de fraude e risco? Essa é a sua maior vulnerabilidade. A falta de visibilidade impede você de ver a conexão entre os pontos, e o atacante verá essa lacuna e vai explorá-la.
Assimetria Injusta: Enquanto você tenta proteger cada milímetro de sua infraestrutura, o atacante precisa apenas de uma credencial roubada (vetor de ataque em grande parte dos incidentes) ou um clique descuidado em um e-mail de phishing para penetrar suas defesas.
A Verdadeira Luta do CISO
É a pergunta que lhe consome: se sabemos o que fazer, se temos orçamentos e equipes, por que empresas de peso ainda são devastadas? A resposta, meu amigo, é que a luta mais difícil não é apenas contra ameaças externas. É uma guerra em três frentes que permeiam a própria organização:
Contra a Ameaça Externa: O ransomware, a IA do mal, os ataques automatizados. Seu adversário cresceu 44% em 2024, com mais de 50% desses ataques impulsionados por IA.
Contra a Complexidade Interna: Sistemas legados que “não podem parar” e silos organizacionais que transformam cada mudança em uma batalha épica.
Contra a Cegueira Estratégica: Segurança é vista como “custo”, não investimento. O risco real é mal compreendido, e o “buy-in” executivo é uma montanha para escalar.
Onde a Batalha Interna Cobra o Preço:
Orçamento e Talentos: Você sabe o que precisa: XDR, AIOps, CTEM, equipes robustas. Mas convencer a alta direção de que a segurança é um investimento, e não um centro de custo, é uma luta constante. E mesmo com o dinheiro, onde estão os talentos? Os CISOs apontam a falta de profissionais qualificados como um desafio crítico. Você tem a estratégia, mas não o exército completo para executá-la.
Complexidade do Legado: Empresas gigantes são construídas em camadas de tecnologia. O sistema de um aeroporto, vital e profundamente integrado, pode ser um ponto único de falha, vulnerável por sua própria complexidade. 35% dos CISOs destacam a complexidade de ambientes distribuídos como um entrave.
Falta de Visibilidade: Nesse caos de sistemas, a visibilidade se torna um luxo. 69% dos profissionais de SOC apontam a falta de visibilidade como a principal barreira. O que você não vê, o atacante explora. Simples assim.
A luta é desigual, mas a vitória é possível para quem souber redefinir as regras do jogo. Seu papel evoluiu de técnico para estrategista:
Fusion Center – O Coração da Convergência. Aqui, a inteligência de ameaças, os dados de segurança, os padrões de fraude e as análises de risco de negócio convergem. Você combina as equipes de operações de segurança, suas ferramentas, métricas e estruturas com outros times, como prevenção a fraudes, riscos digitais e inteligência de ameaças – ou casos de uso de negócio propriamente ditos.
XDR – Visibilidade Unificada. O XDR (Extended Detection and Response) é sua visão de raio-X para a superfície de ataque. Ele correlaciona eventos de endpoints, redes, e-mails, nuvem e identidades, oferecendo uma visão unificada e contextualizada da ameaça. É sua arma contra a complexidade e a falta de visibilidade.
AIOps – Inteligência Ativa. A IA é usada contra você; use-a a seu favor. AIOps (Artificial Intelligence for IT Operations) é sua resposta à velocidade dos ataques. Analisa volumes massivos de dados em tempo real, identifica anomalias sutis e automatiza respostas comuns. Sua equipe não está mais afogada em alertas; ela foca na caça proativa e na estratégia. É sua arma para combater a escassez de talentos e o volume de ameaças.
CTEM – A Ofensiva do Defensor. Chega de reatividade. A Gestão Contínua de Exposição a Ameaças (CTEM) é sua postura ofensiva. Um ciclo contínuo de identificação, avaliação e mitigação de vulnerabilidades antes que o atacante as encontre. É mapear e desativar as “bombas relógio” internas proativamente, concentrando esforços onde o risco é maior e o impacto potencial, mais devastador para o negócio.
A luta é desigual. E a batalha interna pode ser tão exaustiva quanto a externa. Mas é precisamente essa complexidade que força a inovação e a reinvenção do seu papel. Não se trata de ser invulnerável, mas de ser resiliente: capaz de detectar, reagir e se recuperar com o menor impacto possível. Essa é a essência do Novo CISO: liderar a organização através da convergência de Cyber, Fraude e Risco, vencendo não apenas os inimigos externos, mas também as resistências internas que, muitas vezes, são os maiores obstáculos.