Blog

Acompanhe os nossos conteúdos

O R$ 1 Bilhão que Ninguém Viu Chegar: Lições do Ataque à C&M Software para a Resiliência Cibernética da Sua Empresa

A Ilusão da Segurança e o Novo Calcanhar de Aquiles: Sua Cadeia de Suprimentos

O recente incidente envolvendo a C&M Software, uma peça-chave na infraestrutura tecnológica do sistema financeiro brasileiro, com um suposto prejuízo na casa do bilhão de reais, é muito mais do que uma manchete impactante. Ele serve como um lembrete brutal e inequívoco de que, no cenário de ameaças atual, a prevenção, por mais robusta que seja, não é mais suficiente. A pergunta que todo executivo de segurança e tecnologia deve se fazer é: se isso aconteceu com um parceiro do Sistema Financeiro, qual a real postura de segurança da minha própria cadeia de suprimentos e dos meus fornecedores essenciais?

A grande lição aqui é a desmistificação da falsa sensação de segurança delegada. Muitas organizações tendem a acreditar que, ao contratar um terceiro para operar sistemas ou prover serviços críticos, o risco cibernético é automaticamente transferido. O caso C&M Software, ecoando incidentes globais como SolarWinds e Kaseya, expõe a fragilidade dessa premissa: você não terceiriza o risco; você o multiplica. Cada elo na sua cadeia de suprimentos de TI pode se tornar um vetor de ataque, uma extensão da sua própria superfície de exposição. É imperativo ir além de meros checklists de compliance. Uma gestão de riscos de terceiros (TPRM) robusta exige uma avaliação contínua da postura de segurança dos parceiros críticos. Isso significa ir a fundo, com auditorias técnicas, testes de penetração, análise de arquitetura de segurança e uma compreensão aprofundada da capacidade de resposta a incidentes do seu fornecedor. A complacência com a segurança de terceiros é, hoje, uma das maiores vulnerabilidades ocultas nas grandes corporações.

A Velocidade da Resposta: O Fator Crítico de Sucesso (ou Fracasso)

A notícia destaca a agilidade do Banco Central em desligar acessos e da BMP (instituição financeira e provedora de serviços “bank as a service”) em bloquear movimentações de valores. Essa prontidão em reagir é um dos poucos pontos positivos em um cenário tão desafiador. Mas, o que permitiu essa resposta rápida? O “algo mais” reside na capacidade de agir em minutos, não em horas ou dias. Não se trata apenas de ter um monitoramento, mas de possuir um centro de operações de segurança (SOC) que integre inteligência de ameaças, automação e orquestração. É a diferença entre ter “muitos alertas” e ter “alertas relevantes” que acionam playbooks de contenção pré-definidos e testados. A capacidade de identificar anomalias em tempo real e orquestrar uma resposta automatizada pode ser o divisor de águas entre um incidente controlado e um desastre com danos financeiros e reputacionais incalculáveis.
A agilidade na resposta não é um luxo, mas uma necessidade operacional. Ela exige investimentos em tecnologia, processos e, acima de tudo, em equipes altamente qualificadas, capazes de transformar dados brutos em inteligência acionável e de executar respostas com precisão cirúrgica. A detecção e resposta eficazes são, talvez, os pilares mais subestimados da segurança cibernética moderna.

Resiliência Cibernética na Prática: Além da Mera Prevenção

Mesmo diante do ataque, a BMP afirmou possuir colaterais para cobrir o valor e garantir a continuidade das operações. Este ponto, embora não diminua a gravidade do roubo, aponta para um nível de resiliência que muitas empresas ainda não possuem. O “algo mais” aqui é entender que a resiliência não é um estado, mas um processo contínuo. Não basta ter backups; é preciso ter um Plano de Continuidade de Negócios (BCP) e um Plano de Recuperação de Desastres (DRP) que contemplem cenários de ataques cibernéticos massivos. Isso inclui a segregação de ambientes, a imutabilidade de dados críticos e a capacidade de operar em modo degradado. A resiliência vai além da tecnologia, abrangendo estratégias financeiras e de comunicação de crise que permitam à empresa permanecer estável e funcional mesmo sob ataque.
Construir essa resiliência exige uma visão holística. Significa realizar avaliações de segurança cibernética periódicas, testes de intrusão (pentests) e simulações de ataque para identificar pontos fracos antes que sejam explorados. Significa também proteger as contas mais críticas através de gestão de acesso privilegiado (PAM), minimizando o vetor de ataque interno e o impacto em caso de comprometimento. A verdadeira segurança não é a ausência de incidentes, mas a capacidade de se recuperar deles.

O Cenário de Ameaças em Evolução: Criptomoedas e a Dificuldade de Rastreamento

A movimentação dos valores para criptomoedas após o roubo é um padrão cada vez mais comum e preocupante. Isso levanta a questão da dificuldade de rastreamento e recuperação de ativos em um ambiente descentralizado e pseudo-anônimo. O “algo mais” é a necessidade de uma inteligência de ameaças proativa e adaptativa. Como as equipes de segurança e forense digital estão se preparando para lidar com essa nova fronteira de lavagem de dinheiro e exfiltração de dados? A compreensão das Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTPs) dos adversários, incluindo o uso de criptoativos, é crucial. Isso exige um investimento contínuo em inteligência de ameaças que vá além da superfície, mergulhando nas tendências emergentes e nas novas fronteiras do crime cibernético.
Nesse contexto, a visibilidade se torna um ativo inestimável. Soluções que oferecem detecção e resposta estendidas (XDR), segurança em nuvem e segurança de rede são fundamentais para prover a visibilidade necessária para detectar anomalias e movimentações suspeitas em ambientes complexos, desde a rede até a nuvem. O desafio é imenso, mas a capacidade de monitorar e reagir a essas novas táticas é o que diferenciará as organizações preparadas das vulneráveis.

Não Espere Pelo Seu Bilhão. Aja Agora.

O incidente da C&M Software é um poderoso lembrete de que a segurança cibernética não é um custo, mas um investimento estratégico inadiável. Para diretores e gerentes de TI e segurança, ele serve como um estudo de caso prático sobre a urgência de fortalecer cada elo da sua defesa, especialmente aqueles que parecem mais distantes. A era em que a prevenção era a única estratégia eficaz acabou. Hoje, a segurança cibernética é uma maratona de detecção, resposta e recuperação. Não espere ser a próxima manchete para avaliar sua postura de segurança. Aja proativamente, buscando a visão crítica e as estratégias que o protegerão no cenário de ameaças atual. Sua capacidade de detecção, resposta e recuperação definirá seu sucesso quando a próxima ameaça inevitavelmente surgir.

Ouça também a entrevista do nosso CEO Gustavo Gonçalves para o jornalista Oziris Maris, da Rádio Bandeirantes. Gustavo falou sobre o ataque cibernético à infraestrutura tecnológica do sistema financeiro brasileiro, sobre tipos de ataques e formas de mitigação. Ouça a Entrevista


Compartilhar:

Pesquisar